Hino ao Espírito Santo, de Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein)

 I – Quem és tu, Doce Luz

que me preenche e ilumina a obscuridade do meu coração?

Conduzes-me como a mão de uma mãe.

E se me soltasses, não saberia nem dar mais um passo.

És o espaço que envolve todo meu ser e o encerra em si.

Se fosse abandonada por Ti cairia no abismo do nada,

de onde Tu o elevas ao Ser.

Tu, mais próximo de mim que eu mesmo

e mais íntimo que minha intimidade!

E, sem dúvida, permaneces inalcançável e incompreensível,

E que faz brotar todo nome: Espírito Santo — Amor eterno!


II – Não és Tu o doce maná

que do Coração do Filho flui para o meu,

alimento dos anjos e dos bem aventurados?

Aquele que da morte à vida se elevou,

também a mim despertou

a uma nova vida do sono da morte.

E nova vida me doa dia após dia.

E um dia me cumulará de plenitude.

Vida de minha Vida.

Sim, Tu mesmo, Espírito Santo – Vida Eterna!


III – Tu és o raio que cai do Trono do Juiz eterno

e irrompe na noite da alma,

que nunca se conheceu a si mesma?

Misericordioso e impassível

penetras nas profundezas escondidas.

Se ela se assusta ao ver-se a si mesma,

concedes lugar ao santo temor,

princípio de toda sabedoria que vem do alto,

e no alto com firmeza nos unes à tua obra,

que nos faz novos, Espírito Santo — Raio penetrante!


IV – Tu és a plenitude do Espírito

e da força com a qual o Cordeiro

rompe o selo do segredo eterno de Deus?

Impulsionados por Ti

os mensageiros do Juiz cavalgam pelo mundo

e com espada afiada

separam o reino da luz do reino da noite.

Então surgirá um novo céu e uma nova terra,

e tudo retorna ao seu justo lugar graças a teu alento:

Espírito Santo — Força triunfante!


V – Tu és o mestre construtor da catedral eterna

que se eleva da terra aos céus?

Por Ti vivificadas,

as colunas se elevam para o Alto

e permanecem imóveis e firmes.

Marcadas com o Nome eterno de Deus

se elevam para a Luz, sustentando a cúpula,

que cobre, qual coroa, a santa catedral,

Tua obra transformadora do mundo,

Espírito Santo — Mão criadora!


VI – Tu és quem criou o claro espelho,

próximo ao trono do Altíssimo,

como um mar de cristal

aonde a divindade se contempla amando?

Tu Te inclinas sobre a obra mais bela da criação,

e, resplandecente, Te iluminas com Teu mesmo esplendor.

E a pura beleza de todos os seres,

unida à amorosa figura da Virgem,

Tua Esposa sem mancha,

Espírito Santo — Criador do Universo!


VII – Tu és o doce canto do amor e do santo recato,

que eternamente ressoa diante do trono da Trindade,

e desposa consigo os sons puros de todos os seres?

A harmonia que une os membros com a Cabeça,

onde cada um encontra feliz o sentido secreto de seu ser,

e jubilante irradia,

livremente desprendido em Teu fluir,

Espírito Santo — Júbilo eterno!